Casa da Boia Cultural
apresenta a partir do dia 14 de maio a sua primeira
exposição,
baseada na história de
Rizkallah Jorge Tahan, com um recorte do desenvolvimento da
cidade entre o final do século XIX e início do
século XX
A história e a preservação do
patrimônio são a marca de um dos estabelecimentos comerciais mais
tradicionais de São Paulo, a Casa da Boia. Por isso, ao comemorar
120 anos, a empresa dá início a um projeto dedicado à memória e às
artes - a Casa da Boia Cultural - que apresentará ao
público, a partir do próximo dia 14 de maio, a sua primeira
exposição, intitulada "Entre papéis, fotografias e
objetos: o acervo de Rizkallah Jorge Tahan".
A mostra, com a curadoria da
historiadora Renata Geraissatti Castro de Almeida, utiliza a
trajetória do empresário Rizkallah Jorge Tahan, que fundou a Casa
da Boia em 1898, para falar da influência dos imigrantes sírios e
libaneses no desenvolvimento de São Paulo. A exposição reflete o
momento da expansão da cidade, entre o final do século XIX e início
do século XX, com o crescimento da construção civil e,
consequentemente, da rede de saneamento básico.
"O sucesso dos negócios da
Rizkallah Jorge e Cia - primeira denominação da Casa da Boia - tem
um peso importante nessa fase da infraestrutura urbana, por meio do
fornecimento de metais não ferrosos, hidráulicos e outros", destaca
Renata.
Entre os objetos históricos e
curiosos apresentados ao público da mostra estão um catálogo de
itens comercializados e os contratos de aluguel dos casarões
construídos por Rizkallah Jorge. Além disso, estarão expostos
recibos de suas ações de filantropia, que não se limitavam às
instituições e pessoas de São Paulo. Em uma das correspondências,
trocada com o prefeito de Alepo (Síria), durante a Primeira Guerra
Mundial, o empresário trata de doações que pudessem garantir o
fornecimento de alimentos para os moradores de sua cidade
natal.
Fachada da Casa da Boia
Cultural na Rua Florêncio de Abreu ( Foto: Divulgação)
Além de todos esses documentos,
fotografias e objetos, o público poderá conhecer a riqueza
arquitetônica e o estilo art-nouveau do casarão
centenário onde funcionará a exposição. Localizado na Rua Florêncio
de Abreu, centro da capital paulista, o imóvel restaurado,
considerado Patrimônio Cultural e Material de São Paulo, é a sede
da Casa da Boia, uma loja que conta histórias e reúne um legado que
mistura tradição, cultura e renovação, atendendo a uma clientela
que vai muito além de São Paulo.
O lançamento da exposição e
da Casa da Boia Cultural integra as comemorações dos 120
anos da Casa da Boia, que será celebrado no dia 18 de maio.
"Nosso objetivo é ir além de um
conceito estático de espaço expositivo. Estamos abrindo espaços já
existentes de nossa sede histórica para que sejam ocupados com
mostras permanentes e temporárias. Buscamos uma integração ainda
maior com as pessoas e comunidades que orbitam a nossa loja e têm
na Casa da Boia uma referência para suas atividades", resume
Adriana Rizkallah, diretora da Casa da Boia Cultural.
Palestra
Descendente de libaneses, a
historiadora Renata Geraissati Castro de Almeida se deparou com a
trajetória do empresário Rizkallah Jorge Tahan durante a faculdade.
A história é tema de sua tese de mestrado pela Universidade Federal
de São Paulo (Unifesp) e do doutorado em andamento na Universidade
Estadual de São Paulo (Unicamp).
Com extensa documentação e
baseada em seus estudos e descobertas, dentro da programação da
exposição, Renata ministrará, no dia 6 de junho, das 14h às 16h, a
palestra "Um artífice na urbanização paulistana: a atuação de
Rizkallah Jorge em São Paulo, de 1895 a 1949". Para
participar, é necessário fazer a inscrição no site
www.casadaboia.com.br.
História
A Casa da Boia foi
fundada em 1898. Inicialmente denominada Rizkallah Jorge e Cia,
nome de seu fundador, um imigrante Sírio, da cidade de Alepo, foi a
primeira fundição de cobre do País e, possivelmente, da América do
Sul.
Começou suas atividades com a
fabricação de artefatos de decoração, como arandelas, gradis e
candelabros. No início do século XX, passou a produzir
intensivamente materiais sanitários, uma demanda de saúde pública,
em razão das inúmeras epidemias que ocorriam na cidade, entre elas
a de febre amarela.
Dessa forma, além dos sifões,
canos e caixas de descarga, a comercialização de boias de
caixas d'água foi decisiva para consolidar o nome da
empresa em todo o Brasil. Ao longo de seus 120 anos, se
transformou de indústria em revenda, tendo na venda por atacado a
base de seu modelo de negócios.
Serviço:
Exposição: "Entre papéis,
fotografias e objetos: o acervo de Rizkallah Jorge Tahan"
Data: De
segunda-feira a sexta-feira, de 14 de maio a 29 de junho de
2018
Horário: das
10 às 16h30
Local: Casa
da Boia Cultural