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Constituição baliza fala de promotor sobre a questão do morador de rua, em palestra na Viva o Centro
Por Thiago Soares
Moradores de rua, problema tratado como emergencial pelas Ações Locais, foi o assunto da palestra do Programa de Capacitação de Dirigentes de Ações Locais, na terça (4/5), na Viva o Centro. O tema ?Como superar, de forma inclusiva, o conflito comunidade local/pessoas em situação de rua? foi apresentado pelo promotor público Eduardo Valério, da Promotoria de Direitos Humanos
Histórico Para uma platéia lotada e interessada, o promotor trouxe uma explicação histórica para a causa de essas pessoas estarem abandonadas nas ruas de São Paulo. ?Quando houve a abolição da escravidão, os escravos foram simplesmente jogados na rua e se tornaram, com o passar do tempo, com o advento do capitalismo, uma ?sujeira social? para a sociedade?, explicou o promotor.
A relação da sociedade civil e das assistências sociais com as pessoas em situação de rua também foi discutida pelo promotor. ?As assistências sociais e políticas públicas são feitas como prática de caridade. Na população, as pessoas que estão na rua causam incômodo, devido à sujeira, feiúra, atividades privadas praticadas em público.? Outro problema apontado foi a falta de qualificação profissional, já que muitos moradores de rua não têm o nível fundamental completo. ?Além de dar assistência a eles, é necessário qualificá-los profissionalmente, mas infelizmente a maioria dos programas assistenciais não se preocupa em recolocá-los na sociedade?, disse Valério.
Além de faltar emprego para essas pessoas, o promotor citou outros problemas que as levam para as ruas, como a completa desestruturação familiar, alcoolemia, violência e exploração, descaso da sociedade e do Estado e, por fim, a última e devastadora novidade, o crack.
Direitos A Constituição de 1988 garante que a assistência social é dever do Estado e direito do cidadão. Com isso, surgiu um novo modelo de assistência social com a Lei LOAS, que gerou a Política Nacional de Assistência Social. ?A seguridade social garante ao cidadão assistência e previdência social, saúde, perspectiva de direito, universalização de acesso e exige responsabilidade estatal?, lembrou o promotor. Além disso, a proteção social também garante sobrevivência (rendimento e autonomia), convívio ou vivência familiar. Para o promotor, este último quesito é o mais complexo e complicado de ser cumprido, pois não se pode obrigar que um familiar receba de volta em sua casa alguém que o agrediu ou a seus filhos e/ou é viciado em drogas e bebidas.
Promotoria de Justiça de Direitos Humanos O Dr. Eduardo Valério explicou como é o trabalho realizado pela Promotoria de Justiça de Direitos Humanos relativamente aos moradores de rua. ?Nós batalhamos para o cumprimento da Lei Municipal nº 12.316/97, que entre outras coisas garante às pessoas em situação de rua o acolhimento, ou seja, a construção de albergues, equipamentos de saúde e, sobretudo saúde mental, principalmente para o atendimento a viciados em drogas.? O promotor criticou a atuação de autoridades que repreendem os moradores por meio da violência. ?A pessoas que estão na rua merecem respeito e não é através da violência que o problema será solucionado.?
Sociedade Civil Valério destacou a importância da sociedade civil na assistência a pessoas em situação de rua ? assistência que, segundo ele, vai desde a cobrança do cumprimento da lei pelo poder público até a formação de entidades assistenciais. ?A sociedade civil tem o papel de observar e denunciar abusos e violências, cobrar das autoridades que cumpram a lei, mas também ajudar essas pessoas com distribuição de alimentos (o promotor disse que precisaria haver muitos refeitórios iguais ao Penaforte Mendes, para atender moradores de rua no Centro) e colaborar na capacitação profissional dessas pessoas. A sociedade não pode esperar unicamente pela ação do Estado. A sociedade pode ajudar a mudar essa situação caótica em que nos encontramos?, afirmou o promotor.
Por fim, a reunião foi aberta para que os presidentes das Ações Locais pudessem tirar suas dúvidas e o promotor encerrou sua participação com a frase do dramaturgo francês Molière: ?Não somos responsáveis apenas pelo que fazemos, mas também pelo que deixamos de fazer?.
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