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27/03/12 |
Construindo o consenso
Rafael Martinss "O que pode dar continuidade ao plano é a estratégia iniciada com a consulta popular", disse Bucalem |
A elaboração
do SP2040 teve início em 2010, a partir da colaboração de
diferentes faculdades de duas universidades com a Prefeitura de São
Paulo: USP e Mackenzie, e o trabalho de equipes técnicas da própria
municipalidade, como relatou o secretário de Desenvolvimento
Urbano, Miguel Bucalem, durante palestra na Viva o Centro.
Em setembro de 2011, a Secretaria organizou o Seminário
Internacional do SP2040, do qual resultou o Conselho Consultivo
Internacional para o plano, órgão formado por especialistas de
renome mundial no assunto, sob a presidência do inglês Greg Clark,
que prestou consultoria ao planejamento urbano de mais de 20
cidades, entre elas Londres, Barcelona, Toronto, Cidade do Cabo,
Barcelona, Joanesburgo, Sidney, Glasgow, Melbourne, Madri e Milão.
Ao todo, 1.300 especialistas foram ouvidos e workshops promovidos
com os participantes do Conselho Consultivo do SP2040 para que
pudessem fazer sugestões e proposições ao plano.
Principalmente, houve ampla consulta à população nos quatro
quadrantes da cidade, tanto em terminais de ônibus e metrô como em
unidades dos CEUS, aeroportos, parques e praças públicas. Além
disso, as redes sociais na internet também foram utilizadas. No
total, mais de 25 mil pessoas - uma mostra significativa do que
pensa o paulistano - responderam à pergunta: "Qual a cidade que
queremos em 2040?". Oficinas públicas foram realizadas pelas 31
Subprefeituras, complementando a pesquisa, e até agora o site www.sp2040.net a mantém ativa para
quem quiser participar.
Conselho Consultivo Internacional (quadro do data show)
|
O resultado da consulta pública por meio de todos esses canais de
interação com a sociedade é que São Paulo não pode continuar como
está, sob pena de ficar muito pior. Tem, como indicam as respostas
dadas, que ser "fluída, sustentável e justa" até 2040. Trocando em
miúdos: a população quer que São Paulo se torne uma cidade
realmente policêntrica, sem congestionamentos, com deslocamentos
para o trabalho, estudo ou lazer que não demorem mais do que 30
minutos, com desenvolvimento duradouro e inclusivo, habitação digna
para todos, serviços públicos de saúde, educação e lazer não só nas
áreas centrais, com parques e áreas verdes por todo o território
urbano, a não mais de 15 minutos das moradias e, no setor
ambiental, com mananciais, rios e córregos protegidos.
"A ideia é que o Conselho Consultivo do SP2030 (do qual a Viva o
Centro faz parte) acompanhe o plano permanentemente ao longo do
tempo, participe de seu aprimoramento e cobre das autoridades sua
implementação", disse o secretário Bucalem. "Não é transformando
esse plano em lei que se vai garantir sua continuidade. As leis
mudam ou nem sempre são obedecidas", avalia o secretário.
O que pode dar continuidade ao plano, na opinião de Bucalem, é a
estratégia iniciada com a consulta popular e seu acompanhamento
pelo Conselho Consultivo com o engajamento das lideranças da cidade
no monitoramente e aprimoramento das diretrizes estabelecidas. As
lideranças devem envolver as comunidades que representam. "Quando a
cidade tem um plano como referência, qualquer desvio dessa
estratégia será percebido e cobrado, além de ser muito difícil de
justificá-lo", afirma o secretário. "A única chance de um plano com
o horizonte do SP2040 dar certo é uma estratégia desse tipo, aliás,
a mesma perseguida por outras cidades onde o plano estratégico deu
certo."