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Crianças de rua- Uma preocupação no Centro
Por Ana Maria Ciccacio e Wellington Alves
Praça da Sé, Vale do Anhangabaú, Rua Sete de Abril. É impossível caminhar por esses ou outros lugares do Centro e não reparar nas crianças em situação de rua. Deitadas, conversando, pedindo esmolas, drogando-se ou simplesmente brincando, elas são 380 na região central de São Paulo, segundo a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads). Para muitos, são ?coitadas?; para outros, ?trombadinhas?. Essa realidade será debatida no 7º Endalara ? Encontro de Dirigentes de Ações Locais e Autoridades Responsáveis pela Área Central, promovido pela Viva o Centro na sede do auditório do Sindicato dos Contabilistas, na semana que vem (quinta, 19/7, das 17h às 18h30).
O informeOnLine Viva o Centro ouviu dirigentes das Ações Locais para que descrevessem como vêem essa realidade. Por precaução, e para não comprometer nenhuma das fontes, seus nomes são omitidos.
Agressões
Depois que a Subprefeitura da Sé começou a realizar a Operação Nova Luz, o número de crianças em situação de rua na Praça da República aumentou consideravelmente, segundo uma participante da Ação Local República II. ?Já vi várias situações inusitadas. Uma vez um homem agrediu um menino que chutou o seu carro porque ele não queria dar esmola. Em outra ocasião, uma menina e três garotos começaram a atirar pedras nos pedestres.?
Furtos
Na Praça da Sé, que foi entregue reformada à população em janeiro deste ano, um dirigente da Ação Local Sé aponta os pequenos furtos praticados por crianças como um problema sério. ?Já cruzei diversas vezes com meninos e meninas que estavam consumindo crack. Eles dormem embaixo do espelho de água, mas desaparecem de lá quando o tempo é frio. Presenciei situações em que as crianças furtavam objetos de transeuntes e depois vendiam na feira do rolo que acontece todo o dia na praça. Eles fazem isso porque são aliciados por pessoas maiores de idade.?
Prostituição infantil
Em alguns pontos do Centro, caso de ruas como Augusta e Vieira de Carvalho, mas também de avenidas como São João e Ipiranga e o Largo do Paissandu em altas horas, como já denunciaram vários jornais, circulam travestis e prostitutas mirins, muitos aliciados em outros Estados do país. ?Tenho netos e me choca ver essas crianças que poderiam estar estudando e ter um futuro nessa situação?, afirma uma moradora do Centro. ?Eles são visivelmente menores de idade. Ficam na calçada, esperando alguém parar.? Essa senhora lembra que por esses locais já viu adultos distribuindo bebidas alcoólicas e drogas a essas crianças.
Drogadição
Segundo uma participante da Ação Local São João/Júlio Mesquita, crianças ficam se drogando durante toda a madrugada na Rua dos Gusmões e em todo o entorno, enquanto de dia dormem em locais públicos. ?Fumam maconha na nossa frente, sem medo. Andam sujas, mal vestidas, fazem suas necessidades fisiológicas na frente de nossos edifícios.? Ela afirma que apesar de tudo, não acredita que esses meninos sejam perigosos. ?Eles não atacam, nem assaltam ninguém e só abordam as pessoas para pedir dinheiro ou comida. Delinqüente é quem mata ou rouba e não é o caso deles. O problema é que ninguém se responsabiliza.?
No Vale do Anhangabaú, o quadro detectado por integrantes da Ação Local Anhangabaú também piora com o anoitecer. ?Pelo menos três vezes por semana, mas não em dias fixos, um grupo de 10 a 20 garotos, com idade que varia de 9 a 12 anos, sob a liderança de um adolescente, se reúne para receber drogas ? álcool, crack, cola e outros produtos inaláveis ? de traficantes que chegam de automóvel e estacionam no túnel do Anhangabaú para abastecê-los?, diz um deles. Durante o dia, os meninos perambulam pelo vale, consumindo a droga que adquirem com os reais esmolados junto à população que transita pelo Centro.
?As crianças dizem ter pai e mãe, morar na periferia e chegar ao Centro de ônibus, passando por baixo da catraca?, lembra um outro participante da Ação Local Anhangabaú. ?A maioria delas não fica na rua. Volta para casa à noite. As que ficam é porque se drogaram demais e não conseguem voltar, ou porque a situação com a família se deteriorou tanto que as impede de enfrentar os pais ou responsáveis.?
Promiscuidade
Algo que choca a coletividade do Centro, também, é a promiscuidade a que estão sujeitas as crianças que ficam pelas ruas. No Largo São Francisco, por exemplo, a calçada da Faculdade de Direito da USP, o mais prestigiado centro de estudos jurídicos do país, se transforma literalmente em um dormitório quando cai a noite, com crianças, adolescentes, adultos e até animais em completa promiscuidade. Adultos alcoolizados já foram diversas vezes flagrados por participantes da Ação Local São Francisco em atitudes libidinosas com crianças e adolescentes.
Os problemas estão aí apontados e a lista poderia crescer mais ainda, mas nem é este o caso. Na seqüência, o informeOnLine publicará uma série de reportagens até a realização do Endalara, procurando saber com as autoridades quais as alternativas para resolver esse problema.
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