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Osesp interpreta a bela e polêmica ópera "Salomé"

11/06/2008

26/08/08

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Osesp interpreta a bela e polêmica ópera ?Salomé?

 

A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) interpretará a ópera ?Salomé?, de Richard Strauss, nos dias 28, 30/8 e 1º/9, sob a regência de John Neschling e com 15 cantores solistas.

 

?Salomé? é uma obra que gerou controvérsias e polêmicas durante sua estréia, em 1905. Com um conteúdo erótico e violento, teve seu papel recusado pela primeira soprano convidada a encená-lo. A cantora Marie Wittich teve medo de ter sua reputação manchada pela obra escandalosa.

 

Nesta montagem, a Osesp reúne mais de 100 músicos e também os cantores Susan B. Anthony, Thomas Moser, Gabriele Schnaut, Alan Titus e Martin Homrich. O grupo é formado ainda por importantes nomes da cena musical brasileira, entre eles: Edinéia D?Oliveira, Rúben Araújo, Carlos Eduardo Marcos, Saulo Javan, João Vitor Ladeira, Marco Antonio Jordão, Paulo Queiroz, Anderson Luiz de Sousa e Miguel Gerald.

 

A obra

Em novembro de 1902, estreava em Berlim, a nova produção da Salomé, de Oscar Wilde, assinada por Max Reinhardt. Entre os presentes estava o compositor Richard Strauss e, pelo que contam, antes de o espetáculo terminar, ele já havia se decidido a transformá-la em uma ópera. Embora de tema bíblico, a peça de Wilde não tem nenhuma conotação mística ou religiosa. O autor reconta a história sob a visão do decadentismo, movimento do qual foi um dos principais representantes no campo literário, e a recheia de um erotismo irracional e doentio que redunda em um suicídio e dois assassinatos. A música de Strauss conseguiu, com uma fidelidade raríssima na história da ópera, reproduzir todos os aspectos do drama sem distorcê-los. Sem ser correspondido, Herodes padece de uma mórbida obsessão sexual por sua enteada e sobrinha. Salomé é também a causa do desejo incontrolável do capitão da guarda Narraboth, que se mata quando ela o ignora por completo ao ficar eroticamente hipnotizada pelo estranho aspecto do profeta João Batista. Este, por sua vez, repele Salomé com violência e desprezo. Essa é a idéia central do drama: focar um grupo de indivíduos que, embora juntos, estão absurdamente sozinhos, pois suas paixões não encontram resposta. Salomé, primeira das lolitas da História, adolescente em busca de si própria, não consegue controlar o desejo por aquele estranho homem que, após meses de confinamento, emerge de um cárcere subterrâneo e se expressa de maneira incomum.

 

Salomé ficou pronta em junho de 1905. Strauss ofereceu-a ao maestro Ernst Von Schuch, da Semperoper de Dresden, que havia regido a estréia de sua ópera anterior, Feuersnot, no mesmo teatro. Salomé foi agendada para o segundo semestre daquele mesmo ano. Mas tanto maestro, como músicos e cantores só perceberam as grandes dificuldades técnicas da linguagem musical inovadora de Strauss, após o início dos ensaios, apesar das advertências do próprio autor. Contornadas as dificuldades, a ópera finalmente estreou a 9 de dezembro de 1905, gerando uma grande celeuma entre os críticos. Siegfried Wagner, filho do sagrado compositor do Anel, chamou a obra de ?essa coisa detestável?. Arturo Toscanini, porém, também presente à estréia, gostou tanto que se dispôs a montá-la no Scala de Milão em dezembro de 1906 e a regeu de cor.

 

Por parte do público, a aceitação foi extraordinária e imediata. O sucesso de bilheteria foi tal que os direitos autorais recebidos por Strauss permitiram-lhe construir sua casa, e, nos dois anos seguintes, apesar da forte oposição da Igreja Católica em Viena e de certos pseudomoralistas ingleses e nova-iorquinos, Salomé foi produzida em cerca de cinqüenta teatros de vários países. Salomé é um papel com grandes desafios vocais, técnicos e interpretativos. Envolvida por um intrincado universo sonoro, onde uma orquestra de 105 instrumentos alterna cromatismos febris com passagens de grande sensibilidade lírica, não basta à cantora apenas produzir as notas corretas com o volume adequado. Deve haver interpretação. Salomé é a terceira criação de Strauss para o teatro lírico, mas a primeira a trazer-lhe notoriedade. Com ela, Strauss ingressou definitivamente no panteão dos grandes compositores da História da Ópera.

 

Serviço

Sala São Paulo

Praça Julio Prestes, s/nº

Tel.: 3223-3966

Qui (28/8), às 21h; sab (30/8), às 16h30; e seg (1º/9), às 21h

R$ 28 a R$ 98, à venda também pelo Ingresso Rápido: 4003-1212

Metrô Luz

 

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