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Prefeitura volta atrás e suspende retirada de árvores do Anhangabaú

27/06/2006

Prefeitura volta atrás e suspende retirada de árvores do Anhangabaú

 

Fabio Mattos

Possibilidade de remoção de árvores do Vale do Anhangabaú chocou a coletividade do Centro, mas foi revertida

O Diário Oficial do Município de quinta-feira (1º/6) publicou resolução da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente autorizando a empresa de eventos Playcorp a remover 23 árvores do Vale do Anhangabaú e a plantar no lugar 40 mudas de espécies nativas de 7 cm em até três meses, por meio de um Termo de Compromisso Ambiental.

 

O objetivo da medida era aumentar a visualização de um telão que a empresa pretende instalar no local para transmitir os jogos da Copa do Mundo. Na manhã da sexta-feira (2/6), os organizadores iniciariam os trabalhos para remover as árvores. Só não contavam com a reação pública contra a medida.

 

Protestos

 

Repercutiram muito mal as intervenções no Vale entre os que passavam pelo Viaduto do Chá e viam a paisagem sendo alterada. O aposentado Sebastião Bernardico perguntou: ?Mas, não dá pra montar o telão sem tirar as árvores??. O autônomo José Nonato de Souza também não entendia: ?Por que tirar as árvores? Não tem necessidade. Instalem o telão e deixem as árvores?. O zelador Juscelino Alves de Oliveira questionou: ?Não podiam deixar as árvores e colocar o telão da Copa em outro lugar??

 

Logo cedo, os jardineiros que cuidam do Vale estiveram na sede da Associação Viva o Centro perplexos com o que estava acontecendo. ?É uma afronta?, protestaram. Os jardineiros são contratados para zelar e conservar os jardins do Anhangabaú pelo BankBoston, que há anos adota o Vale, mediante Termo de Cooperação assinado com a  Subprefeitura da Sé.

 

O arquiteto José Eduardo de Assis Lefévre, presidente do Conpresp, órgão encarregado de zelar pelo patrimônio tombado na cidade, disse que não houve qualquer consulta formal ao Conselho. ?Não fomos consultados oficialmente, apenas verbalmente. Na ocasião informamos que a remoção de qualquer árvore, no Anhangabaú, dependeria de autorização do DPH e do Conpresp. Não veio consulta formal nenhuma.?

 

Fabio Mattos

Intervenções repercutiram muito mal entre os que passavam pelo Viaduto do Chá

A reversão

 

No começo da noite, a Prefeitura de São Paulo, por intermédio da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente e da SPTuris, informou que as remoção das árvores estava suspensa. A nota distribuída à imprensa, dizia:

 

?Tão logo informada de que a Playcorp, empresa responsável pela organização do evento ?Torcida Brasil no Vale do Anhangabaú?, havia iniciado a intervenção na área antes da assinatura do Termo de Compromisso Ambiental com a Secretaria do Verde e Meio Ambiente (SVMA), a Prefeitura da Cidade de São Paulo, por meio da SVMA e São Paulo Turismo, determinou que as ações fossem interrompidas. E reitera que não está autorizada qualquer intervenção ambiental na área e que nenhuma árvore foi ou será retirada?.

 

No começo da noite, as valas abertas no entorno de quatro das palmeiras do canteiro central do Vale, próximo ao Viaduto do Chá, começaram a ser tapadas.

 

Eventos no Vale

 

AAssociação Viva o Centro sempre se manifestou contrária à utilização do Vale do Anhangabaú para eventos de massa, seja por meio de seus próprios veículos de comunicação ou da mídia impressa e eletrônica em geral. O Vale do Anhangabaú, junto com a Praça Ramos de Azevedo, deve ser preservado, ainda mais por se tratar de um importante pilar no processo de requalificação da área central de São Paulo (clique aqui para ler mais).

 

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