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Protestos contra Bustv em São Paulo
Por Ana Maria Ciccacio
Tem muita gente questionando a transmissão de publicidade por monitores de TV em ônibus do transporte coletivo de São Paulo. Há pelo menos dois meses, cerca de 140 ônibus de 12 linhas da cidade (clique para ver as linhas) circulam com dois monitores de TV LCD de 20 polegadas que exibem a programação da BusTV, mídia lançada no início deste 2007 pela empresa de mesmo nome, com atuação também em Portugal, Espanha e Itália, entre outros países.
A tradutora Martha Gambini está entre as pessoas que protestam veementemente contra o sistema. ?Foi com desagradável surpresa que, ao tomar o ônibus Morro Grande, na Avenida Paulista, percebi que, dentro do coletivo, funcionava um equipamento áudio-visual da Bustv, veiculando mensagens publicitárias, músicas e campanhas públicas, entre outros tipos de informações?, começa. ?Se fossem apenas as imagens, como acontece em alguns carros do metrô, talvez não houvesse problema, já que seria possível proteger-se dos estímulos visuais fechando os olhos, ou desviando o olhar?, diz ela. ?Mas todas as mensagens eram acompanhadas de comentários estridentes, músicas de má qualidade e outras intervenções sonoras. Como infelizmente não existem pálpebras auriculares, qualquer passageiro fica assim coagido, durante toda a viagem, a suportar uma maciça invasão sonora, sem qualquer chance de evasão.?
Sem escolha
A comparação feita por Martha, evidentemente, esconde um problema bem mais sério. Quem usa transporte público, além de perder horas preciosas em congestionamentos às vezes monumentais, agora também não tem alternativa a não ser assistir e ouvir passivamente a anúncios publicitários. Ao contrário do rádio e da TV, que podem ser desligados, quem não quiser consumir os anúncios nos ônibus terá de ir à pé ou de metrô, se houver metrô para onde tiver de ir.
Numa cidade como São Paulo, como bem lembra Martha Gambini, o nível de poluição sonora já atingiu índices alarmantes, contribuindo significativamente para uma situação de quase epidemia no que diz respeito ao estresse. ?Mesmo assim, dando mostras de uma espantosa capacidade de adaptação, é comum que os passageiros aproveitem o tempo de viagem para ler, conversar, ou até mesmo dormir, depois de um exaustivo dia de trabalho. A difusão de mensagens publicitárias sonoras literalmente seqüestra do espaço coletivo ? onde o bem-estar dos passageiros deveria ser priorizado antes de qualquer outro interesse ? o mínimo de tranqüilidade necessária para que seu deslocamento ocorra em boas condições.?
A dona de uma joalheria, Marisa Lopez, usuária eventual de ônibus, acha que a permissão desse tipo de equipamento nos coletivos vai piorar as condições do transporte público e espantar quem poderia vir a utilizá-los para melhorar o trânsito da cidade. ?É mais caro ir trabalhar todo dia de carro, mas dá para, além de agüentar ônibus lotado, ter que ouvir anúncio que a gente não pediu para ouvir??
Para viabilizar esse tipo de publicidade, depois das restrições impostas pela Lei Cidade Limpa e toda a legislação existente anteriormente sobre o assunto, a Secretaria Municipal dos Transportes emitiu a Portaria 79/07, publicada no Diário Oficial do Município de 16 de junho (clique aqui para saber mais).
Repercussão
No passado, até conversar com o motorista era proibido durante o percurso feito pelo coletivo, salvo raríssimas exceções. Havia a Lei 6681/1965, que ?proibia o uso de aparelhos sonoros ou musicais no interior de veículos de transportes coletivos?. Com a Lei Cidade Limpa e o veto a todo tipo de publicidade, foi criada a Portaria 078/05, estabelecendo normas complementares para a veiculação e exploração publicitária nos veículos do Sistema de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros da Cidade de São Paulo. A Portaria 79/7, que está valendo, revogou a anterior.
Para outros críticos da novidade adotada, outro dado questionável é não haver nenhuma contrapartida direta para a população. A programação é questionável e passa longe do interesse público. Também não se insere em uma política de marketing mais ampla para reduzir o preço da tarifa.
São Paulo aderiu plenamente à Lei Cidade Limpa. Há um esforço visível de melhorar a paisagem urbana e a intenção louvável de ampliar essa campanha para melhorar a qualidade do ar e do som. ?Qual a razão, então, de poluir os veículos de transporte público, se não um desrespeito com quem, tendo de usá-los, fica sem escolha, obrigado a assimilar anúncios cuja renda irá somente para as companhias de ônibus, e os dividendo publicitários para os anunciantes, sem contrapartida nenhuma para a população??, perguntam os críticos do BusTV, que garante que os usuários entrevistados pela empresa aprovaram em até 90% o sistema. Será?
A questão, no fundo, mais do que de contrapartida para a população, tem a ver com o direito de escolha do cidadão. Em um avião as pessoas podem optar se vão ou não ver o filme e ouvir ou não a música oferecida. O som é individualizado com o uso de fones de ouvido. Já nos ônibus a alternativa é única, ouvir e ver ou ver e ouvir. Imagens em movimento e sonorizadas ocupam corações e mentes, são invasivas, perturbadoras. Respeito é bom e tem que começar pela comunicação.
Quem não estiver satisfeito e quiser registrar seu protesto contra mais esse atentado à qualidade de vida na cidade, antes que seus efeitos nocivos sejam banalizados e incorporados ao rol de nossas inevitáveis mazelas, pode ligar para a SPTrans, que recebe reclamações pelo tel. 0800 771 0118, segundo a Assessoria de Imprensa da Secretaria Municipal de Transportes.
Área 1 - Verde Claro - Empresa Viação Gato Preto - Total de 4 carros Linha 917M - Morro Grande / Ana Rosa - 2 carros Linha 8000 - Praça Ramos / Terminal Lapa - 2 carros Área 3 - Amarela - Empresa VIP e Expandir - Total de 80 carros Linha 702P/10 - Terminal Penha / Pinheiros - 23 carros Linha 702P/42 - Terminal Parque D. Pedro II / Butantã - 20 carros Linha 1178/10 - Terminal São Miguel / Praça do Correio - 37 carros Área 6 - Azul Claro - Empresa VIP e Expandir - Total de 20 carros Linha 5194/10 - Largo São Francisco / Jardim São Jorge - 10 carros Linha 509J/10 - Jardim Selma / Terminal Princesa Isabel - 10 carros Área 7 - Vermelho Vinho - Empresa VIP e Expandir - Total de 20 carros Linha 5391/10 - Terminal Jardim ngela / Praça da Sé - 10 carros Linha 6505/10 - Terminal Guarapiranga / Terminal Bandeira - 10 carros Área 8 - Laranja - Empresa Viação Gato Preto - Total de 04 carros Linha 7267 - Apiacás / Praça Ramos - 02 carros Linha 856R - Socorro / Lapa - 02 carros
A Assessoria de Imprensa da Secretaria Municipal de Transportes (SMT) informou que a nova legislação, em vigor desde 16 de junho de 2007, estabelece normas para veiculação, transmissão de dados e exploração de mensagens publicitárias dentro dos coletivos. A SPTrans é o órgão público encarregado de autorizá-las, fiscalizá-las e de estabelecer as especificações físicas pra a instalação dos monitores de TV. O dispositivo veta mensagens de natureza político-partidária; que atentem contra a moral, bons costumes e a dignidade da família; que promovam a discriminação ou preconceito de raça, religião, etnia ou nacionalidade: de armas e munição e que induzam os cidadãos ao consumo de bebidas alcoólicas e de substâncias que causem dependência química. De acordo com a portaria, 10% da programação deverá ter caráter institucional (campanhas educativas e de utilidade pública apoiadas pela Prefeitura).
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