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Secretário dos Transportes Metropolitanos, em palestra na Viva o Centro, garante que rede metroferroviária de São Paulo está nos trilhos

07/02/2012

07/02/12

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Secretário dos Transportes Metropolitanos, em palestra
na Viva o Centro, garante que rede metroferroviária
de São Paulo está nos trilhos

  

Rafael Martinss

Secretário Jurandir Fernandes na Viva o Centro

Por Ana Maria Ciccacio

São promissoras as perspectivas apontadas pelo secretário Estadual dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, para o transporte público em São Paulo. Em palestra na Viva o Centro, na terça-feira (7/2), o secretário garantiu que os investimentos continuam pesados. "Até 2014 é fazer e fazer. Temos em obras de expansão quatro linhas do Metrô e uma da CPTM. Vamos começar a extensão a Varginha e o Expresso ABC e fazer o trem para Cumbica. Há estações em reforma e compramos novos trens. Mas não dá para continuar com a Linha 17 encalacrada, ainda sem licenciamento ambiental. Ela é importantíssima para a rede".

A palestra do secretário Jurandir Fernandes inaugurou o auditório da nova sede da Viva o Centro, na Rua da Quitanda, e abriu o ciclo de palestras 2011 da entidade. Principalmente, foi além do tema inicialmente proposto, que era falar apenas sobre os impactos do Metrô no Centro, e abrangeu praticamente todo o projeto dos transportes sobre trilhos para a região metropolitana nos próximos anos.

Na abertura do evento, o superintendente da Viva o Centro, Marco Antonio Ramos de Almeida, pediu compreensão dos presentes para as condições ainda não ideais do auditório, devido à mudança recente, e agradeceu a presença do secretário. "Todo o conhecimento recebido durante as palestras promovidas pela entidade é muito importante para nós porque, além de ser disponibilizado em nossos meios de comunicação, serve para alimentar os estudos e propostas que a Viva o Centro desenvolve."

Dizendo-se honrado, o secretário elogiou a atuação da Viva o Centro. "Vocês, há mais de 20 anos, souberam encarar de frente a questão do tempo, sem imediatismos, e reverteram a situação de deterioração do Centro de São Paulo, o que hoje é reconhecido por todos. Parabéns. Fico feliz, também, de estar aqui e falar com vocês sobre os projetos do transporte público à luz do Centro, e ouvir como vocês os recebem, com o que podem contribuir."

Luz de várias luzes

Em sintonia com o Centro, o secretário começou a palestra pela Estação da Luz, que no seu entender hoje não é uma, mas várias estações. A antiga, centenária, "o nosso mais belo patrimônio arquitetônico", tem as quatro plataformas utilizadas por duas linhas de trem: a Linha 7, que vem de Francisco Morato, e a Linha 11, ou Expresso Leste, que vem de Guaianases. Existe a Estação Luz da Linha 1-Azul do Metrô e recentemente a Estação Luz da Linha 4-Amarela, inaugurada em 15 de setembro de 2011.

Jurandir Fernandes encheu a boca ao falar das modernidades tecnológicas, de conforto e segurança introduzidas na Linha 4: "Sem querer ser pleonástico, a Linha 4 é o nosso top de linha em todos os sentidos. Ontem (6/2) entregamos os quatro primeiros trens (semelhantes aos da Linha 4) para operar na Linha 8 da CPTM, cada um com oito carros num salão contínuo de 172 metros de comprimento. Melhoram a distribuição do ar condicionado, o atendimento a incidentes e a segurança, com as câmeras de monitoramento."

Importância da rede

Desde o embrião do PITU-Plano Integrado de Transportes Urbanos, desenvolvido em 1993, a Região Metropolitana de São Paulo sonhava com uma Rede Metroferroviária, algo conseguido somente a partir de 2011, com a entrada em operação da Linha 4-Amarela do Metrô, que conectou todas as demais linhas existentes, tanto as do próprio Metrô como as da CPTM.

As empresas da rede continuam distintas - Companhia do Metrô e CPTM -, como observou o secretário Jurandir Fernandes, mas o usuário vai sentindo cada vez mais que as diferenças entre elas tendem a zero. A tarifa é única e com integração forte em diversos pontos (Luz, Guaianases, Pinheiros, Barra Funda, Brás). "Quem é mais jovem pensa que sempre foi assim, mas não", recordou o secretário. "Antes de 1995-96 para passar de um sistema para o outro a gente pagava. Aqui você anda 335 quilômetros de rede com a mesma tarifa de R$ 2,90: são 75 km de Metrô e 260 km de CPTM."

Neste ponto o secretário dos Transportes Metropolitanos revelou se irritar apenas com quem tem mania de comparar São Paulo com a Cidade do México e sobrepor as vantagens daquela sobre a nossa metrópole. "Lá não tem integração do Metrô (cerca de 200 km de extensão) com a CPTM deles (17 km). Há quatro anos não aumenta o número de passageiros; aliás, houve queda de 2%."

Rafael Martinss

Segundo o secretário, utilizam hoje a Linha 4 540 mil passageiros/dia

Superlotação, problema que se atenua

Jurandir Fernandes admite haver superlotação na rede metroferroviária paulista, principalmente na Linha 4 do Metrô. Começou com 70 mil passageiros/dia em meados de setembro. No dia 26 de setembro foi para 420 mil passageiros/dia. Hoje está com 540 mil passageiros/dia, mais de meio milhão de pessoas. "Funciona como vasos comunicantes. A natureza faz isso, as águas se comunicam e procuram os melhores caminhos. O fluxo de pessoas também. A racionalidade humana busca sempre as melhores alternativas. As pessoas deixaram de pegar ônibus no Largo 13 e passaram a se deslocar de Metrô."

A rede toda, no ano passado, sofreu o impacto da sobrecarga de 1,2 milhão de passageiros/dia, volume próximo ao de passageiros/dia transportados pelo Metrô e as linhas de trem do Rio de Janeiro juntos. Hoje, em São Paulo, a Rede transporta 7,2 milhões de pessoas/dia. "Foi um tsunami esse 1,2 milhão a mais. Não foi crescendo mês a mês, foi de uma vez, com a inauguração da Linha 4. Então deu mesmo problemas de gargalo, de superlotação, mas isso se ajusta com o tempo, como vem acontecendo, e também será atenuado com a expansão das linhas."

As perspectivas são de melhoria, portanto? Segundo o secretário, sim. São de melhoria, e por diversos motivos: há recursos e os investimentos continuam pesados. "Estamos fazendo a extensão de quatro linhas de Metrô ao mesmo tempo: da Linha 5 e a segunda fase da Linha 4 (ambas subterrâneas), da Linha 17 e da Linha 2 (ambas em elevado, monotrilho), estendendo a Linha 8 da CPTM de Itapevi para Amador Bueno, vamos começar a extensão para Varginha, vamos começar o Expresso ABC e fazer o trem para o Aeroporto de Guarulhos. É uma avalanche de obras, cinco delas já ocorrendo (veja o que está planejado até 2014 no mapa no final do texto). Fora isso estamos fazendo reforma de estações e comprando novos trens."

Deve ajudar também o fato de a população estar crescendo menos ultimamente, a taxas muito inferiores do que as verificadas nas décadas de 1970, 1980. A cidade de São Paulo tem hoje uma taxa de crescimento de 0,6%, o que significa que a população só irá dobrar em 20 anos. Conta ainda a favor de São Paulo, na visão do secretário Jurandir Fernandes, a migração invertida. Cresce o número de pessoas que se mudam para o interior do Estado e outros Estados, incluindo os Estados do Nordeste.

"Temos forte investimento, população crescendo menos e mais gente pensando em planejamento, como vocês fizeram e continuam fazendo aqui na Viva o Centro. Por isso eu sou muito otimista com relação a São Paulo para os próximos anos", enfatizou Jurandir Fernandes.

Novidades

Ao superintendente da Viva o Centro, Marco Antonio Ramos de Almeida, que recordou a proposta feita pela entidade de se fazer uma ligação segregada da Estação da Luz à Estação Júlio Prestes, paralela aos trilhos, para pedestres, o secretário respondeu positivamente. "Estamos pensando nisso sim: um túnel com esteira rolante. E também projetando mais duas saídas para a Linha 4 na Estação da Luz, do lado da Avenida Casper Líbero, a fim de melhorar a circulação das 465 mil pessoas/dia que a utilizam. É uma estação que não foi pensada para mais do que 30 mil ou 40 mil. É como abrir novos dutos para o escoamento dos fluxos."

No domingo (12/2) expira o prazo de 120 dias para oito grupos privados apresentarem à Secretaria de Transportes Metropolitanos propostas de projeto para a Linha 6-Laranja do Metrô, que vai ligar Brasilândia, passando por Santa Marina, à Estação São Joaquim na Linha 1-Azul, com traçado definido pelo governo. Uma vez escolhido o melhor projeto, as obras serão licitadas. Construtoras estrangeiras também poderão participar. "É uma PPP patrocinada. Quem fizer a linha vai receber a tarifa e uma parcela de contraprestação que o governo vai pagar em 20 anos", explicou o secretário. "Vamos deixar cerca de 90 km de canteiros de obras contratados para o próximo governo."

Encalacrada

O PITU-Plano Integrado de Transportes Urbanos 2020 foi saindo aos poucos do papel, integrando e mostrando que esse é o caminho. O PITU 2025 está em andamento e o PITU 2030 começa a ser desenhado, mas algo preocupa particularmente o secretário: é a Linha 17-Ouro Monotrilho, que irá do Jabaquara, passando Aeroporto de Congonhas, Águas Espraiadas, Marginal Pinheiros, Estádio do Morumbi, até a Linha 4, na Vila Sônia. "É uma linha muito importante, porque vai interligar vários bairros e descongestionar o Centro. Brigamos há um ano e meio e até agora nada de obter a licença ambiental."

Por fim, o secretário Jurandir Fernandes respondeu a várias perguntas da plateia, que participou animadamente da palestra, e aos jornalistas presentes, voltando a enfatizar: "Estamos encalacrados com a Linha 17. O tempo está passando. Já temos toda a infraestrutura contratada. Precisamos que o debate cresça democraticamente sobre essa Linha, que vai ligar Congonhas ao sistema metroferroviário e transportará de imediato 450 mil passageiros/dia. Se a sociedade achar que não precisa, vamos conversar. O que não pode é ficar nesse impasse."

Para o secretário não tem sentido atrasar mais nenhuma obra do Metrô. Transporte sobre trilhos é fundamental para a metrópole deslanchar. Em alguns lugares pelo mundo se dispensa obra de Metrô de relatório de impacto ambiental, como foi lembrado por um dos presentes após a palestra. Por hipótese, Metrô é ambientalmente interessante por tirar ônibus e carros das ruas e colocar as pessoas circulando sobre trilhos, sem poluir. Entre negativo e positivo, o balanço tende sempre favoravelmente ao Metrô.

Secretária Estadual de Transportes Metropolitanos

Expansões previstas até 2014 na Rede Metroferroviária de São Paulo

 

 

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