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“Criança não pode ficar na rua”, diz Pesaro

29/04/2009

12/07/07

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?Criança não pode ficar na rua?, diz Pesaro

Rafael de Carvalho

Crianças vagam pelo Centro durante o dia e à noite

 

Por Ana Maria Ciccacio e Wellington Alves

 

 

Logo depois de abrir os trabalhos do seminário "Conceitos e Estratégias para o Atendimento das Crianças e Jovens em Situação de Risco", na manhã desta sexta-feira (13/7), na Prefeitura, o secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro, concedeu a seguinte entrevista ao informeOnLine:

 

 

 

Um dos principais problemas apontados pela coletividade do Centro é o de crianças e adolescentes em situação de rua na região, e, claro, de adultos também. O Estatuto da Criança e do Adolescente completa 17 anos. Pode-se deixar na rua uma criança de 7, 8 anos cheirando cola, fumando crack ou simplesmente dormindo ao relento e sujeita a toda sorte de violência, quando deveria estar na escola ou sob tutela de um adulto?

Secretário Floriano Pesaro, de Assistência e Desenvolvimento Social: Tem que tirar da rua, sim. Criança pequena não pode ficar na rua. O problema de São Paulo é que até 2005 não tinha para onde levar. Ou levava a criança para a Febem (adolescentes infratores) ou para um lugar chamado Estação Cidadania (na Conselheiro Nébias, para menores de 12 anos), que era um espaço ruim, para cento e tantas, um verdadeiro depósito de crianças. Isso não resolvia. As crianças voltavam para as ruas. O que a gente percebeu é que se não conseguíssemos criar equipamentos próprios para atender a essas crianças especificamente, não iríamos vencer esse desafio.

 

Com equipamentos próprios o Sr. quer dizer municipais, os Centros de Referência da Criança e do Adolescente (Crecas)?

Isso mesmo. Os Centros de Referência da Criança e do Adolescente (Crecas) nasceram com essa perspectiva. Hoje são 14 Crecas espalhados pela cidade, fazendo esse trabalho.

 

Em média esses Crecas acolhem até quantas crianças?

Até 20, 25 crianças por unidade, mas é rotativo. A criança fica no Creca por volta de dois meses em tratamento, para que a gente tenha tempo de retorná-la à sua família. São espaços de manutenção cara. É praticamente um funcionário por criança, mas é uma forma de conseguir levá-la a tratamento.

 

No Centro da cidade são quantos Crecas e onde?

Na região central são dois Crecas: um na região da Luz e um no Bixiga. Mas nem há necessidade de mais na região central, porque a maioria das crianças que estão em situação de rua no Centro não nasceram aí e a orientação é de deslocar essas crianças para o Creca da região de origem delas.

 

Segundo sua pasta, hoje são cerca de 380 crianças em situação de rua no Centro, mas algumas entidades dizem que o número seria maior.

Fizemos uma pesquisa com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que vai ser divulgada nos próximos dias, mostrando que na região central, apesar de ter esse número de 380, ele já é metade do que foi. Tínhamos antes na região central mais de 600 crianças. Só na Luz eram cerca de 190. Nós tiramos 150. Tem 30 crianças ainda e são as mais velhas, que resistem em sair de lá, e que pedem esmolas no cruzamento das avenidas Duque de Caxias e Rio Branco. Mesmo no Vale do Anhangabaú já não se vê o número anterior. Eram 22 crianças morando no vale, hoje são 6 ou 7. Os dados já são muito favoráveis. E eles são da Fipe, que fez a contagem ponto por ponto, e não da secretaria.

 

Quem circula pelo Anhangabaú vê mais, entre 10 e 20 crianças.

Vê mais, mas são crianças que estão de passagem, que moram em cortiços do Centro. Crianças em situação de rua mesmo, que moram ali, que se drogam, que consomem álcool, thiner e cola ? aliás é mais álcool e thiner ? não são tantas. Na Rua Conselheiro Crispiniano havia 5 crianças que dormiam ali durante anos; 3 nós tiramos. Ficaram 2 mais velhas. Esse mecanismo a gente tem empregado com muita freqüência. Tira a criança da rua, leva para o Creca. De lá passa dois dias indo no Hopii Hari, no Play Center. Com essas atividades é que a gente tem conseguido dar mais ludicidade, digamos, ao trabalho. E não com trabalho na rua, como era feito por algumas organizações que, aliás, fazem um trabalho muito deficiente, sem tirar um número significativo de crianças das ruas. Com os Crecas já tiramos 1.350 crianças das ruas: 600 que moravam mesmo e 750 que estavam no trabalho infantil. Repito: os números são muito favoráveis ao trabalho que estamos fazendo. E dá para acabar com o problema no próximo ano e meio, no máximo em dois anos. Claro que tem que ter muita força de vontade.

 

Veja também 

 

Aplicação do ECA

 

Ações da Smads

 

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