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Saiba Mais +Tenho velhas fotos do São Bento, de quando estudava lá. O
que mais me impressionava, por inacessíveis, era o claustro dos
monges e os andares superiores dos sinos da Basílica. O claustro,
de pedras cinzentas e folhagens de um verde, tão austero, que
também parecia pedra. Consegui, algumas vezes, farejar essas
belezas, acrescidas do canto gregoriano dos monges. O canto
religioso era a pausa de silêncio entre as batidas regulares dos
sinos. Esses, sim, estavam perdidos no tempo. Não pareciam marcar
as horas da cidade moderna, nem a nossa agenda rigorosa de alunos;
paradoxalmente marcavam o atemporal, estavam perdidos há
quatrocentos anos no triângulo que marcava os limites inaugurais da
cidade de São Paulo. Tínhamos amigos que ficaram amigos até hoje,
felizmente a maioria deles vivos. Interessante é que os mortos são
tão presentes quanto eles. Aqueles sinos do São Bento, soldados em
bronze, também soldaram essas amizades que ecoam no
tempo.
Hoje restauraram os sinos, modernizaram os controles, agora
eletrônicos, mantiveram o som e a gravidade. Mantiveram a
pontualidade. É por eles que marcamos as horas da vida e da cidade,
os sinos do São Bento.
* Texto publicado originalmente no blog de Jorge da Cunha Lima no portal iG em 13/08/2013.
Os textos dos articulistas não refletem necessariamente a opinião da Associação Viva o Centro.